Os blogs migraram para textões de redes sociais, nossos parentes descobriram a internet e acho que essa não foi a causa de eu ter parado de escrever.
Acho que o principal motivo de eu ter parado de escrever é que, conforme eu fui avançando na graduação e por outros motivos mais pessoais eu fui ficando cada vez mais autoconsciente de mim e do que eu escrevia. Comecei a achar tudo uma grande bobagem e que eu falava coisas que não seriam bem vindas em algumas comunidades da internet. Foi bem na época em que as problematizações começaram a surgir no facebook também. A gente começou a ficar mais atenta ao que escrevia.
Graças a isso, revemos muita coisa que era normalizada, punindo por lei ou socialmente muita injustiça. Mas a lógica de rede social é a do engajamento, assim foi feita muita "crítica pela crítica" apenas para receber likes. E ainda é assim, principalmente no Xuítter, mas creio que hoje conseguimos rir disso um pouco, como por exemplo o 💣Escândalo do Bacio del latte🚨.
Para evitar a chuva de comentários, a gente vai ficando mais "low profile" mesmo. No meu caso eu achava que as pessoas ficariam julgando a forma e o conteúdo que escrevo, julgamentos como: inútil, tosco e até burro.
A questão que eu coloco hoje é: E SE FOR? Eu não posso ser tosca, burra e fazer coisas inúteis? Tudo que eu faço tem que ser produtivo e relevante?
FODA-SE, meu irmão! Se eu quero escrever bobajada, eu acho que posso, não é?!
Estou digitando esse texto dando uma choradinha, pois antes disso, eu li os textos antigos. Acho que estou chorando porque tinha me esquecido deles e gostaria de lembrar desses eventos que fomentaram os textos. Eu não sei se foi muita cachaça (E FOI MUITA) ou se eu simplesmente priorizei somente uma parte da vida (estudo e trabalho), não exercitando essas memórias e comportamentos relacionados. Chorei também de orgulho da esponteneidade que esses textos tinham e de como eram bons considerando o contexto de 12 ou 10 anos atrás.
Dado essa desabafada toda, para os poucos amigos que liam o blog quando eu escrevia, aqui vão algumas atualizações:
Eu me formei em Psi, faço pós em Londrina/PR onde moro hoje. Gosto da cidade, não gosto do povo daqui em geral, mas eu nunca gostei de muita gente também.
Trabalho, estudo e pesquiso. Trabalhar não me dignificou, só acabou com a minha saúde.
Hoje acho uma pessoa bem menos espôntanea (o que é uma pena). Estive afastada da música, acho que pelos motivos que comentei, como: autoconsciência em exagero e prioridades distribuídas porcamente.
Virei mãe de gato, comunista, crackuda de política. Estou mais cínica que nunca e com menos paciência pra quem tá começando.